O casal brasileiro Fernando e Janaine Basso está levando o Evangelho ao povo Bara, um grupo não alcançado, nas montanhas do país.
Há 11 anos, o casal brasileiro Fernando e Janaine Basso está levando o Evangelho a um povo não alcançado nas montanhas de Madagascar.
Em 2013, os missionários desembarcaram no exótico país africano para atuar na Vila de Betroka e em centenas de vilarejos ao redor.
Em parceria com a Missão Zero e a MIAF (Africa Inland Mission), o casal está evangelizando o povo Bara.
Em entrevista ao site cristão Guiame, Fernando Basso contou como é servir a um povo classificado como um grupo não alcançado.
Os Bara são criadores de gado e agricultores seminômades, que vivem nas montanhas no sul de Madagascar. Praticando a religião animista (adoração à natureza), eles também são muito envolvidos com feitiçaria.
“O boi é como se fosse um deus pra eles. Porque o boi dá tudo: glória, prestígio, riqueza. O boi trabalha e é usado em sacrifícios aos ancestrais”, explicou Fernando.
A base missionária da família Basso fica em Betroka. A partir de lá, os missionários promovem ações evangelísticas por toda a região, em parceria com duas igrejas locais. Até agora, 10 igrejas já foram plantadas.
“Betroka é uma vila maior, como se fosse uma cidadezinha do interior do Brasil. É um lugar cosmopolita, onde estão todas as etnias, é um ponto de venda e troca”, comentou o missionário.
Pregando a um povo que não sabe ler
Uma das estratégias usadas para alcançar os Bara é a exibição do filme “Jesus” nas aldeias. Desde 2017, 419 vilas foram evangelizadas por eles através da produção, alcançando mais de 100 mil pessoas.
Basso explicou a escolha da estratégia: “O povo Bara é um povo de tradição oral. Toda cultura dos Bara, tradições, a religiosidade são passadas através do conhecimento oral. O povo Bara ainda não tem a Bíblia inteira traduzida e 90% não sabe ler nem escrever”.
“Eles são muito visuais, há um provérbio Bara que diz: ‘Se os meus olhos não veem, meu coração não crê”.
Traduzido na língua Bara, o filme conta a história completa da salvação, começando em Gênesis, com o pecado e a queda, depois os profetas até a crucificação e a ressurreição de Jesus
“O filme abre muitas portas para [ir] às vilas. Foi assim que chegamos a 400 vilas visitadas com o filme ‘Jesus’”, contou Fernando, acrescentando que os aldeões chegam a pedir que os missionários passem a produção em seu vilarejo.
O missionário destacou que há muitos testemunhos, fruto da ação evangelística com o filme.
Milagre na seca
Certa vez, durante uma época de seca, em uma vila que o filme iria ser exibido, um aldeão questionou a existência e o poder de Deus a Fernando.
“Chegamos lá e já fazia quase um ano que não chovia. E ele disse: ‘Oh, branco! Porque você não manda o seu Jesus fazer chover para nós?’ E eu falei: ‘Peça você, Ele é Deus, pode fazer qualquer coisa’”, disse o missionário.
Logo depois, o filme começou a ser exibido à aldeia e algo sobrenatural aconteceu. “Não tinha previsão de chuva. De repente, um vento frio começou a soprar, vindo do sul, uma nuvem negra cobriu onde estávamos e choveu, choveu, choveu”, testemunhou Basso.
Os aldeões ficaram impressionados com o milagre e falaram a ele: “Teu Jesus é bom mesmo!”. E o missionário respondeu: “Ele deu prova de si, agora vocês se arrependam e creiam no Evangelho”.
Após a exibição do filme nas aldeias, a missão envia evangelistas locais para continuar discipulando os moradores.
“É um programa de discipulado. Os evangelistas já foram treinados em missões, em teologia bíblica, em vida cristã, em como evangelizar com histórias, como desenhar as histórias bíblicas para que os baras compreendem profundamente a verdade do Evangelho”, relatou o missionário.
Alimentando na fome
O casal missionário também promove outros projetos evangelísticos e sociais, em parceria com igrejas locais.
Como a Escola Be Fitia, que fornece educação e alfabetização através da Bíblia. Todos os dias, 220 crianças são alimentadas no colégio.
A missão ainda evangeliza adolescentes através do esporte, incluindo basquete e futebol de areia, e promove um curso de corte e costura para mulheres.
Durante o período da seca há muita fome na região. Nessa época, os missionários distribuem toneladas de arroz para os aldeões em diversas vilas. Em 2023, foram doadas 10 toneladas.
“O povo é muito pobre, é uma miséria total, é um lugar seco e muito difícil”, observou Fernando.
O missionário, que também é engenheiro agrônomo, ensina agricultura para o povo Bara através do programa “Agricultura à Maneira de Deus”. “Eu ensino eles a melhorarem o plantio para ter uma produtividade melhor”, afirmou.
Cristianismo em Madagascar
Sobre a situação do cristiniamo em Madagascar, Fernando relatou que, apesar da maioria da população se identificar como cristã, o cristianismo praticado no país é nominal.
Um dos desafios que os missionários enfrentam é a mistura da fé com cristã com elementos do animismo e da feitiçaria.
“A cultura bara é muito fechada em si, especialmente nas tradições de sacrifício para os ancestrais e demônios, essa é uma barreira muito grande”, revelou o líder.
Mesmo enfrentando a pobreza, o difícil acesso a aldeias remotas e a falta de recursos, o casal brasileiro continua trabalhando, cheio de fé. “Seguimos firmes, pregando o Evangelho de Jesus”, concluiu Fernando.
Fonte: Guia-me
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